Gaspar, um pouquinho de história

Os Nativos

Por volta de 1500, as terras do “Coração do Vale” eram habitadas pelos Carijós, índios da tribo Tupi Guarani, que viveram no litoral brasileiro desde Cananéia (SP) até a Lagoa dos Patos (RS).

Representaram grande atrativo a ser aproveitado em nossas terras, ou seja, a mão de obra escrava para a exploração do pau – Brasil, do ouro e da cana de açúcar em outras Capitanias. O tráfico intenso exterminou a cultura Carijó do nosso Vale ainda no século XVI.

No planalto catarinense viviam os índios Kaingang e Xoklengs. Estes não foram dominados pelos exploradores, mas expulsos de suas terras.

Chegaram até aqui por volta de 1700. Participaram da chegada dos colonos e foram exterminados por bugreiros.
Os sobreviventes, acampados em áreas definidas pelo governo, ou seja, áreas de Preservação Indígena (José Boiteaux).

Os índios Carijós da tribo Tupi – Guarani foram dizimados no século XVI e XVII pelo tráfico de escravos indígenas para o trabalho em outras Capitanias. Eles eram dóceis e sociáveis.
A partir do século XVIII, os índios do planalto foram empurrados pelo comércio de gado. Vivendo por aqui esses bugres, Kaingang e Xoklengs, tiveram contatos conflituosos com os colonos.
Os Kaingang e Xoklengs eram índios coletores que viviam no planalto. Nômades e arredios ao convívio social com os brancos.
Caçadores de índios foram contratados por governantes e colonos, a fim de garantir a segurança dos primeiros colonos daqui
A existência de ouro no rio e seus afluentes, desde a foz até Apiúna, atraiu muitos exploradores por mais de três séculos.
Vender madeira de boa qualidade serrada em pranchas foi à riqueza de maior suporte aos primeiros moradores. Eram exportadas para grandes centros europeus e latino-americanos.

Os açorianos

Gaspar no final do século XVIII recebeu famílias de açorianos vindos de Camboriú e Porto Belo. Trouxeram muitos costumes que ainda hoje dão embasamento cultural aos gasparenses.

As mulheres açorianas assumiram importante tarefa na saúde dos vizinhos. Realizavam partos, benziam e indicavam remédios caseiros.
Moradia típica de açoriano no inicio do século XX em Gaspar Mirim. Aproveitavam água do córrego para produção de açúcar, cachaça, pecuária e uso doméstico. Vendiam também: frutas, lenha e eram ótimos domadores de animais para o trabalho.
Os açorianos eram muito sociáveis e brincalhões, promoviam sempre encontros cantantes, dançantes e com coreografias próprias.

O Arraial do Belchior e os Alemães

Agostinho Alves Ramos, aqui vestindo uniforme de coronel (no período imperial – Dom Pedro I). Chegou a Itajaí em 1823 com sua esposa, a portuguesa Ana Maria Rita. Ele foi nosso colonizador, Deputado Provincial, aprovou a Lei nº 11 – que criou a Colônia Itajaí – Grande, com dois arraiais: Pocinho e Belchior, nas terras do atual Gaspar. Isso foi em 1835, sendo a 1º colônia fundada nas terras do Vale do Itajaí.
A casa de Agostinho e Ana Maria Rita situava-se às margens do Rio Itajaí – Mirim bem próximo a sua foz. Ele, além de político, foi também comerciante e sua esposa, nossa grande benfeitora, abrindo em sua casa espaço para escola, moradia do padre e capela.Ela desempenhou liderança educacional, religiosa e social em todo o Vale, sendo referência entre as famílias do lugar. 
Este é o mapa dos terrenos constantes do Arraial do Belchior, à margem direita do Rio, atual Clube Bela Vista. A maior parte dos lotes do Arraial do Belchior foram vendidos aos colonos alemães que vieram de São Pedro de Alcântara para Gaspar.

Os Belgas

Em 1844, chegaram os belgas, fundadores da Colônia Belga de Ilhota. Falavam o idioma alemão, tinham costumes e valores muito parecidos com os de São Pedro de Alcântara e logo integraram- se com os moradores de Gaspar. Várias famílias belgas desinteressaram-se pelo projeto de Ilhota, estabelecendo se em Gaspar, seguindo aqui a vida aos moldes dos colonos já estabelecidos.

Os colonos alemães vindos de São Pedro de Alcântara (1835) estabeleceram modelo de propriedade rural, dominante ainda hoje: o córrego, a casa e engenhos, a pastagem e a reserva florestal.
A produção de pão de caseiro em forno a lenha foi introduzida em Gaspar com a cultura alemã, muito apegada ao trigo e ao pão. Aproveitando o forno, costumavam servir suínos e aves assadas. E, com forte interesse na criação de porcos, a produção de banha e embutidos se tornou uma característica marcante.
As cucas e os queijinhos são iguarias trazidas pelas colonas alemãs de São Pedro de Alcântara para Gaspar, encantando o paladar dos aqui residentes.
O culto a São Pedro e a admiração pela vida religiosa vieram com os alemães de São Pedro de Alcântara para Gaspar.  Esta característica cultural permaneceu entre a população gasparense até meados do século XX.
O Dr. Blumenau empreendeu grande negócio de imigração no Vale do Itajaí. Preocupado com a exportação e importação, resolveu comprar em 1857 um sítio na curva do rio, entre os Ribeirões Gaspar Grande e Gaspar Mirim a fim de aproveitar a navegabilidade entre Gaspar e o oceano. Este porto situava-se nos fundos do atual correio.
Mapa do loteamento do Dr. Blumenau que formou o atual centro de Gaspar. Reservou espaço para igreja católica e outros. Vendeu lotes para empreendedores locais e alemães, entre eles: Höschl, Schmitt, Wehmuth, Freitas da Silva e outros. Aqui formou-se novo núcleo urbano, diminuindo a importância do Arraial do Belchior.     
Primeira foto arquivada da Freguesia de São Pedro Apóstolo de Gaspar – 2º Distrito de Blumenau – 1880.
Segunda foto arquivada da Freguesia São Pedro Apóstolo de Gaspar – 2º Distrito de Blumenau – 1880.
Segunda Igreja Matiz sobre o morro.
Foto: Gaspar 1910 – Cancha de bolão, Hotel e Hospedaria de Bruno Wehmuth, atual Rua Cel. Aristiliano Ramos nº 249.

Italianos em Gaspar

Em 1876, recebemos imigrantes vindos da Itália para o Brasil. Em Itajaí foram encaminhados pelo Rio Itajaí Mirim até as terras da Colônia Itajaí/Brusque, que envolviam áreas do sul do atual território de Gaspar.

Família de italianos no Brasil – 1876. Ocupavam as terras de Gaspar: Óleo Grande, Barracão, Bateia e Gasparinho.
Coral masculino de imigrantes italianos que vieram para a Colônia Itajaí – Brusque em terras do atual Gaspar.
Casa típica de imigrantes italianos do final do século XIX.  A cozinha nos fundos, separada da casa. Os dormitórios no sótão embaixo grande espaço para convivência.
Garrafões, barricas e canecas, tradição do consumo do vinho. Em Gaspar, o vinho de laranja marcou época.
   Cozinha típica de italianos em Gaspar no século XX.
Grupo Folclórico Gasparetto em apresentação na Festa Italiana de Gaspar em 2010.
A Casa Comercial Altenburg com comércio de importação e exportação.
O Centro de Gaspar: Hotel Silva, atual Rua Cel. Aristiliano Ramos e São Pedro. Espaço da Praça Getúlio Vargas – 1913.
Visão Geral da Freguesia São Pedro Apóstolo de Gaspar. No centro da foto, o Porto Fluvial Gaspar.
Freguesia São Pedro Apóstolo de Gaspar Região Central.
Geral de Gaspar em 1913 – O rio, junto ao morro da Igreja, parte da Escola Paroquial (enxaimel), casa de Alberto Schmitt, outras. O Hotel Silva (três pavimentos) e outras.   
Entrando em Gaspar – década de 1920. Ponte no início da Rua Itajaí. Espaço da futura S. C. R. Alvorada, residência e comércio Família Soar, casario Höschl, ao fundo, usina de açúcar.

Gaspar, Município Autônomo

 

 

Responsabilidade: Arquivo Histórico Documental Leopoldo Jorge Theodoro Schmalz